MANOEL CORDEIRO LIMA
( Ceilândia, DF – Brasil )
Graduado em História (Unicesp, 1991), Estudos Sociais (União Pioneira de Integração Social, 1990) e Jornalismo (Universidade de Brasília, 200). É professor da Secretaria de Estado da Educação do DF, onde chefia a Coordenação de Televisão Educativa (Canal E) da Gerência de Multimídia. É escritor, colunistas dos portais www.portalcapoeira.com e www.temnoticia.com.br e editor dos jornais Voz de Aguas Lindas, Notícias de Aguas Claras e Notícias de Brazlândia.
Informações coletadas do Lattes em 05/07/2022
"COLETÂNEA" CEILÂNDIA! GRITA POESIA. Ceilândia, DF: C. C. P. C., 1989? 52 p. Capa e desenhos: Anselmo Rodrigues. No. 03 790 Ex, Bibl. Antonio Miranda
NICARÁGUA
Um grito ecoa no ar,
erguem as vozes...
Os murmúrios na cidade
são que agora, de verdade,
vão romper-se na aurora, muros, grades,
e a flora já banida por massacres,
agora vai abrir com a luz
(que há pouco despertou)
oz portões da liberdade...
O gemido foi rotina,
muitos corpos mutilados,
marcas do velho domínio
que se procura abater.
Mas o sonho tão buscado
de poder se emancipar
não virá sem luta,
e o povo, num alarido altruísta,
chega firme às fronteiras.
Arrancar a dor que arde,
isso já virou bandeira.
Da montanha, um clamor forte
e essa gente ainda espera,
pousa os olhos na esfera:
"A liberdade ainda que tarde..."
E no brilho desses olhos pacifistas, sandinistas,
pode ver-se com clareza que a guerrilha é só externa
pois a alma é pacifista e a força que a impele
é a mesma há muito vista: quem a procurou na cruz
não achou jamais, pois ela da cruz há muito já desceu,
podeis vê-la na montanha a lutar com o povo seu...
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LIMA, Manoel Cordeiro. Deuses de Acrílico. Ilustrações: Antonio Rodrigues. Brasília, DF:
Thesaurus, 1990. 97 p. Em co-autoria com Gilmar Barbosa de Oliveira, os poemas: Arché, Aeon, Canto Longitudinal, Mandela, Retratos dos Atos, Vertigens, Saideira, Saga e Prenúncio.
ISBN 85-7062-023-3. Apresentação por Salomão Sousa. No. 10 193
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda.
Deuses de acrílico
O crepúsculo ergueu suas primeiras
reticências
perfilou no ocaso as curvas metálicas
do entardecer
A plena imagem do infinito
contemplada por vertigens normais
de viver
fez surgir no horizonte, que adormece
nossa perplexidade mundana
face ao sol
que quanto mais se põe
mais nos reduz a insígnia
No fim
a humanidade converte em espanto
sua impotência face ao mistério
e assim
constrói deuses de acrílico
eternos, nostálgicos,
esféricos
Geração do Pós
Pós-Moderno
pós-operatório
posologia
pós-real.
Vivemos numa economia pós(tuma)
semi-cidadãos numa semi-civilização.
Nossa geração é o retrato-falado do abandono,
nossos pulmões respiram monóxido de
carbono.
Estamos embriagados de uma cultura
lanchonete:
diet-coke, neo-liberalismo e Spielberg
mastigamos tudo com chiclete.
Nossa dialética agora é o mexe-mexe-
maluquete,
os muros de Berlim caíram sobre nós.
Não tem memória, não tem passado
a geração do pós,
tudo o que sabemos de história
é que em 1964
a democracia sofreu um atentado.
Callamares
Callamares,
vertigens, lugares
fluídos nos bares
volúpias distraídas
paisagens, camuflagens
Confusão geração
mitos covardes
em estampas coloridas
o medo, no ensejo
proibido / pró-libido
Gritos de paixão tão pura
olhos de lobo noutro olhar
o desespero dos notívagos
num flerte natural
com a loucura.
Saga
Modelarei em linhas simples a solidão
de um eterno apaixonado
em sonhos
não sentirei o modelar
dessa ação factual
Depois, olharei teus olhos
num cinismo púbere e farei
tentativas de rever
nossos laços de solidariedade
e a unidade forjada no coito
seres voltados para a eternidade
e assim obra final inacabada
seremos expostos à curiosidades
dos mundanos:
a sombra, o pó que nos espera
na estratosfera, serão os cúmplices
de nossa frieza
profana
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Página publicada em novembro de 2024
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Página publicada em agosto de 2022
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